Um momento histórico para o poker brasileiro: por volta das 00h40min de 08/10/2008, o Programa do Jô Soares (Rede Globo) exibiu entrevista sobre poker, com o médico e jogador Léo Bello.
Sentados em uma mesa a parte, preparada para o jogo, Jô abre a entrevista perguntando do livro escrito por Leo e de como ele começou a jogar. Bello responde que começou a jogar com amigos quando morou na Europa e que conseguiu com o jogo pagar passeios e despesas da viagem com os ganhos. Na resposta Leo Bello mostra uma capacidade intelectual privilegiada mas se comunica sem muita empatia.
Depois deste momento de folga, começa a primeira carga de perguntas preconceituosas. Jô questiona Leo sobre “pessoas perderem fortunas no poker”. Bello contrapõe dizendo que em outras atividades, como na bolsa de valores, se perde dinheiro e em outros esportes também se perde dinheiro. Leo aproveito o “gancho” para dizer que poker é um esporte. Jô na mesma hora dispara: “Você acha que isto vai pegar?” (dizer que poker é esporte). Apesar de uma resposta um pouco tímida e entrando em certo conflito com Jô Soares, Bello consegui neste momento colocar o poker no mesmo nível do xadrez e do gamão.
Outra pergunta instigadora de Jô e que Leo desta vez respondeu com bastante firmeza, quando o apresentador questionou sobre o imposto de renda em relação aos ganhos no poker, e Bello na hora disse que todos os rendimentos do poker devem e são tributados (como Outros Rendimentos). Isto deu um interessante caráter de legalidade a modalidade.
Jô passa então a perguntar sobre o jogo em si, e Bello usa um baralho com uma mão previamente montada e começa a explicá-la (um exemplo bastante didático por sinal). Entretanto, Jô Soares, preocupado que a entrevista estava acabando, intervêem pedindo para Leo explique a força das mão iniciais e ele perde bastante tempo explicando (com muita didática também) do High Card à Royal Straight Flush. E conclui a explicação da mão em jogo (onde uma AA trincado no flop vence um KdQd num flop com AXdXd).
Após a apresentação da mão (apresentação muito interessante e didática, mas que certamente poucas pessoas entenderam em casa, pois o tempo não permitia que isso acontesse), temos o grande final: Jô chama um vídeo onde mostra a cena do filme The Cincinnati Kid (1965), onde dois jogadores em heads-up disputam uma mão onde um deles perde tudo. A cena é extremamente dramática e nervosa, além de preconceituosa. Nela, o adversário do herói abre a carteira na última rodada de apostas e puxa mais dinheiro e coloca na mesa! E mocinho paga para ver mais dramaticamente ainda seu adversário (um jogador mais velho, com charuto e marrento) vencer a mão num Royal.
Leo Bello tenta explicar que isto não existe, que não é permitido, e Jô rebate dizendo que não existe “em jogo oficializado…”. E Jô agradece dizendo que a entrevista fui muito interessante.
Minha impressão é que faltou um pouco de carisma e flexibilidade ao Leo, ser mais simpático. Mas na maioria dos momentos foi bastante firme e seguro, até discordando de algumas colocações que Jô fazia.
É com tristeza que vejo que a pauta foi muito preconceituosa, mas no geral foi um grande momento para a popularização da modalidade no Brasil.
*Artigo retirado de www.pokerdicas.com
Assista na íntegra a entrevista de Leo Bello no programa do Jô:
Parte 1
Parte 2
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